terça-feira, 23 de abril de 2024

Envelhecer ... é um merecimento.

Quando meus cabelos estiverem brancos
Como mensagem inconteste do tempo.
Quando minha voz estiver fraca, reticente
Ainda assim estarei fazendo parte do presente

Com lembranças que o tempo não levou
Com esperança de ver o que ainda não vi
Olhando no espelhos velhas rugas novas
A contarem a história do que tanto vivi.

Mas quero ainda estar livre para pensar 
Ter a liberdade de acordado ainda sonhar
Correr atrás, a buscar novos pensamentos 
E que ainda me seja dada a dádiva de amar

Não quero momentos tristes para lembrar
Quero sentir o gosto dos beijos que troquei
Que as mãos enrugadas passeiem no rosto
Relembrando carícias que sempre lembrei

Quero estar livre para apenas ser eu mesmo
Sem compromissos para amanhã, viver assim
Brincando de viver os dias que ainda restam
E correr, lento, entre as flores de um jardim

Não precisa que me lembrem que envelheci
Sei me ver, até sei ainda lembrar de mim
Mas agora, mais sábio, me basta me ver
É o tempo dizendo que mereci envelhecer

Não sei se de exemplos algum dia servi
Se o fizeram não foi por um meu querer
Nada demais eu quis, e o que quero agora?
Me divertir no que ainda tenho para viver

José João
23/04/2.024

Almas sozinhas

 
- O que nos separa não é a distância
E na verdade... nem os caminhos
O que nos ume ... não é a vida
É simplesmente sermos sozinhos

Minha busca é árdua. Onde estou?
Talvez tão longe e de mais ainda vim...
Entretanto, nada sob o céu tem fim
A esperança é eterna e existe em mim

Quem sabe possas me fazer um sonho
Me encontra ela e eu te proponho
Uma vida livre... de cantar risonho
E em belos versos em te me ponho

- Há quanto tempo tens essa busca?
Não sei quem és e a mim não dizes,
Se dela falas, me diz seu nome
Me diz ao menos se foram felizes.

- Há muito tempo, passado distante
Quis o destino que mais não a visse
E em triste loucura me perdi no tempo
E ao me encontrar, me veio o tormento

Que mais faço? Desespero eterno?
Até no infinito amar é preciso
Traduz meus versos, canta o que sinto
Que amo e amo, sou amante contrito

Grita comigo a beleza do amar
Grita bem alto, nos versos, na vida
Grita que amar é mais que viver
Grita que amar é nunca morrer

Grita que a morte ao amor não resiste
Grita que a sorte é amar, não ser triste
Grita que a vida é luta incontida
E que sem amor, jamais é vivida

Não calo! E se choro meu grito
Que pela perda, até mesmo aflito
Não calo, não paro no tempo
Haverás de fazer acabar meu tormento

Escreve meu nome e o dela também
Que até no infinito eu a quero bem
Se hei de chorar por não a encontrar
Me ajuda! Chora comigo também

Há quanta procura e vãs tentativas
De encontrar no caminho uma alma cativa
Que me faça falar... falar nessa vida
Que de muito pra mim já é esquecida

Diz que para um segundo de amor
De doação tão terna quanto infinita
Se fores chorar o resto da vida
Vale a pena, faz a vida ser bem mais bonita.

José João
Reedição: 14/08/2.011


segunda-feira, 15 de abril de 2024

Belo... é amar sem nunca pedir troca

A beleza da vida??! O que seria essa beleza?
Seria sentir, no por do sol, o carinho do universo?
Seria o sentir do perfume das flores no campo?
Ou seria a poesia "falando" da vida em versos?

Como se poderia contar as tantas belezas da vida?!
Fazer o outro feliz, amar sem nunca esperar troca?
Dar um sorriso... desses que alegram o coração
Ou amar intensamente? Amor puro nunca sufoca.

Seria a poesia, em sua humildade, a beleza da vida?
Indo no tempo contando histórias belas ou tristes?
Mesmo aquela que a alma chora sentindo saudade?
Mas ela sabe que chorar é preciso, a lágrima existe.

Quanta beleza tem nos olhos gritando em prantos
Quando as lágrimas, brilhantes... no rosto caem
Como se fossem as contas de um rosário divino
Por onde as dores da alma, como milagre, se esvaem

Quem me dera fosse um poeta pelos anjos inspirado
Para contar, em versos, a beleza que cada alma sente.
Juntar a harmonia do universo com a beleza da vida?!
Seria um milagre que nem a poesia poderia ter criado

AMCL: Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: J J Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem oficial: 15/04/2.024
(09/03/2.024)

terça-feira, 9 de abril de 2024

A magia do amanhecer

 Madrugada... o dia boceja acordando lentamente
As estrelas... correndo a se esconderem do dia
Se escondem atrás do sol ocupado em lustrar-se
E a brisa, bafejando ternura, canta uma melodia

As flores, banhadas pelo orvalho, espreguiçam-se
Dão bom dia às leves borboletas ávidas a beija-las
Acariciam as pétalas com suas belas e frágeis asas
Como fossem anjos vadios a docemente cativa-las

Os pássaros, ainda sonolentos, ajeitam a plumagem
Brincam como equilibristas nos galhos, nas folhas
Se fazem personagens de uma doce e linda paisagem

Depois, sem nenhum maestro, começam a sinfonia.
O perfeito desencontro se faz verdadeiro encanto
As vezes até parecem a doce harmonia de um pranto

AMCL - Academia Mundial de Cultura e Literatura
Acadêmico: J J Cruz
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postagem: 09/04/2.024

domingo, 28 de janeiro de 2024

No rosto... uma ruga diferente

As rugas do meu rosto são minhas verdadeiras histórias
Contam de mim, do que fui, do que vivi, das saudades
Algumas são de momentos que franzi o rosto para sorrir,
Ficaram desenhadas como das poucas alegrias que senti

Outras, são muitas, foram tristezas que a alma chorou,
Marcadas em fartas linhas, histórias que nunca contei
No rosto, a vida escreve o tempo sem nenhum pudor
Até hoje quando traz tristezas que ainda não chorei

Quando o espelho mostra meu rosto, leio o que vivi
Estão as saudades, adeus ditos em doloridos silêncios
Quantas palavras ditas em prantos que fingi não ouvir?!

Hoje, todas as minhas rugas me lembram do que fui
Mas tem uma diferente, não lembro porque ali está
Será alguma verdade que fingi e ela não quer mostrar?

JJ. Cruz Filho
Acadêmico da: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em: 28/01/2.024

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Solidão é a ausência de saudade

Coitado dos que choram pela falta de uma saudade!
Dos que não têm histórias para lembrar ou contar
Qualquer uma, mesmo aquela contada em prantos
Mesmo doendo na alma... que só a fizesse chorar

Que triste!! A saudade... sempre espanta a solidão
Até o silêncio fica atento, ouvindo o que ela diz
O tempo se faz lento, como não quisesse passar
As mãos tremem, em uma muda maneira de falar

Como é triste nunca ter dito: te amo, nem ouvido
Não ter sentido a tristeza de  ter ouvido um adeus
Daquele que emudece a voz e faz perder o sentido

Se faz lágrima, depois saudade, depois lembrança,
Sempre será uma história a ser lembrada pela alma,
Momento único, que só quem amou pode ter vivido

JJ. Cruz
Academia: AMCL
Cadeira: 28
Patrono: Antero de Quental
Postado em; 23/01/2.024